Plano de golpe aliava certeza de impunidade, burrice e chinelagem

By | 13/02/2024 8:58 am

Apesar de alertados, cúmplices de Bolsonaro não mediram os riscos

 

(Jornalista Alvaro Costa e Silva, na Folha, em 12/02/2024)

Um dos conspiradores presentes à reunião de 5 de julho de 2022 no Palácio do Planalto, Anderson Torres foi profético: “Quero que cada um pense no que pode fazer previamente porque todos vamos nos foder”, disse o ministro da Justiça de Bolsonaro. Apesar da linguagem tosca, não deixa de ser uma fala com rasgos de inteligência, capacidade que faltou ao “arranjo de dinâmica golpista”, nos termos do ministro Alexandre de Moraes, do STF, para autorizar a operação da PF biblicamente batizada de Tempo da Verdade.

O que houve de sobra nos planos de golpe foi a certeza de impunidade, aliada à burrice orgulhosa e à mais pura chinelagem. Anderson Torres alertou, mas nenhum dos cúmplices da subversão —nem mesmo o ex-ministro da Economia Paulo Guedes, tão técnico e tão “limpinho”— quis medir os riscos. Para manter o poder e as boquinhas ricas, toparam desacreditar e se mobilizar contra o sistema eleitoral.

O ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro e ex-secretário da Segurança Pública do DF Anderson Torres presta depoimento na CPI da Câmara Legislativa do DF
O ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro e ex-secretário da Segurança Pública do DF Anderson Torres presta depoimento na CPI da Câmara Legislativa do DF – Pedro Ladeira – 10.ago.23/Folhapress

Torres, em cuja casa foi encontrada a famosa minuta —mais tarde, imagine você, submetida ao copidesque de Bolsonaro—, não deu ouvidos a suas palavras. Tanto que esteve preso durante quatro meses em 2023, acusado de ter sido conivente com a insurreição fascista que depredou as sedes dos Três Poderes em Brasília. Ao menos, ele já conhece o caminho que seus companheiros, entre os quais cinco oficiais-generais de quatro estrelas, deverão seguir num futuro próximo.

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Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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