A última do sr. Juscelino (confira comentário nosso)

By | 01/05/2024 7:15 am
Imagem ex-librisA Controladoria-Geral da União (CGU) concluiu que o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, malversou recursos públicos quando ainda exercia o seu mandato de deputado federal, pouco antes de assumir o cargo no primeiro escalão do governo Lula da Silva. A versão preliminar de um relatório preparado pelo corpo técnico do órgão corrobora algo que este jornal revelou há quase um ano e meio: emendas parlamentares oriundas do “orçamento secreto” foram direcionadas por Juscelino Filho ao município de Vitorino Freire (MA) – dominado politicamente por sua família desde pelo menos a década de 1970 – a fim de custear uma obra de pavimentação que serviu para valorizar nada menos que oito entre as dezenas de propriedades de Juscelino e seus familiares na região, sem benefício algum para a população local, como tem alegado o ministro.

“De um total de 23,1 km, envolvendo R$ 7,5 milhões, 18,6 km, (correspondente a) 80%, beneficiariam as propriedades do (então) parlamentar e, ao que parece, de forma individual. Os restantes 4,5 km beneficiariam cinco povoações locais, e ainda de forma isolada, sem integração com a rodovia estadual nem com a sede do município”, diz um trecho do relatório preliminar dos técnicos da CGU, obtido pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmado pelo Estadão.

Se ainda faltava alguma coisa para que o presidente Lula da Silva, enfim, tomasse uma atitude firme diante da coleção de malfeitos de seu ministro das Comunicações – a obra mal explicada é apenas um deles –, já não falta mais. Afinal, trata-se de um órgão do próprio governo federal – a CGU – atestando o desvio de emendas parlamentares milionárias patrocinadas por Juscelino para o atendimento de seus interesses privados. Aqui e ali, Lula sempre deu a entender que não afastaria um ministro com base “apenas” em reportagens da imprensa profissional – de resto, quase sempre desqualificada pelos poderosos quando faz bem feito o seu trabalho de levar à sociedade informações de interesse público, especialmente no que concerne ao exercício do múnus público. Essa desculpa esfarrapada para a leniência, porém, não existe mais a partir da divulgação do relatório da CGU.

A referida obra, orçada em R$ 7,5 milhões, foi contratada pela prefeita de Vitorino Freire, Luanna Rezende, que vem a ser, ora vejam, irmã do ministro Juscelino Filho. Para adensar a já carregada nuvem de suspeição que paira sobre essa suspeitíssima contratação, o serviço foi executado por uma empreiteira, a Construservice, chefiada por um laranja. Uma investigação da Polícia Federal (PF) apontou que o verdadeiro dono da empresa é “um conhecido há mais de 20 anos” do ministro, o empresário José Barros Costa. “Eduardo Imperador”, vulgo pelo qual Costa é tratado em Vitorino Freire, foi preso cinco meses após a assinatura do contrato. Na mesma operação, deflagrada em setembro de 2023, Luanna Rezende foi afastada da prefeitura, reassumindo o mandato poucas semanas depois por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso. As investigações da PF continuam e é esperado que o ministro Juscelino Filho preste depoimento no próximo dia 10.

Das duas, uma: ou a CGU tem um péssimo quadro técnico, a ponto de produzir um relatório com graves acusações contra um ministro de Estado sem qualquer substância, ou, como é óbvio que é o caso, essa mixórdia que Juscelino faz entre o interesse público e seus interesses privados foi, afinal, reconhecida por servidores do próprio governo de que ele faz parte.

Já passou muito da hora de o presidente da República afastar do primeiro escalão do Poder Executivo federal alguém que demonstra tamanha inaptidão para o cargo de ministro de Estado. Ainda que Juscelino fosse um ás das telecomunicações no Brasil, as evidentes falhas morais do ministro já o desqualificam. A tolerância de Lula com esses desvios de seu auxiliar direto pode até ser alta, mas a paciência dos que prezam pela decência na administração pública já se esgotou há muito tempo.

Comentário nosso

Antigamente, quando se falava em Juscelino, a gente se lembrava de um dos maiores presidentes da história deste país. Hoje, o nome Juscelino nos causa arrepios de nojo, pois o nome que hoje corre na imprensa é de um trambiqueiro capaz de abusar de todas as maneiras do dinheiro público. Mas Lula treme de medo do Centrão e dificilmente fará alguma coisa com o pilantra, a menos que ele seja condenado pela Justiça e perca os direitos civis. Afinal, qual é a desculpa de Lula para não descartá-lo, quando o próprio TCU aponta as maracutaias deste sujeito deletério. (LGLM)

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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