O CINE ELDORADO

By | 15/06/2021 2:32 pm

(Historiador José Romildo de Sousa)

No início da década de 40, dois grandes administradores da arte cinematográfica – Agripino Cavalcante e Joaquim Araújo – resolveram se associar e, juntos montar na cidade de Patos uma casa de espetáculos que tivesse o mesmo padrão daquelas encontradas nos avançados centros, e de preferência, arquitetavam ainda eles, que a mesma deveria ser dotada de condições para que também pudesse ser aproveitada para outras atividades culturais. Dessa frutífera união, surgiu a firma “Cavalcante & Araújo e, com ela, o CINE ELDORADO, da rua Pedro Firmino, que foi inaugurado com muita festa no dia 09 de fevereiro de 1946, com suas dependências completamente lotadas para assistirem o filme “A Sultana da Morte”, protagonizada pela atriz Doroty Lamor.

Não demorou muito tempo e logo este cinema adquiriu conceito e conquistou fama entre a população local, uma vez que além de exibir excelentes películas, tinha também inserido na sua programação semanal um esquema deveras convidativo: na segunda acontecia a “sessão popular”, onde o filme de domingo era reprisado com desconto promocional; na quarta-feira era vez da “sessão das moça”, que apresentava sempre um grande lançamento em primeira mão e, na quinta, o “dia do seriado”, que terminava com o “artista correndo sérios riscos de vida” e que, somente na semana seguinte os ávidos expectadores tomavam conhecimento da saída que o “mocinho” utilizaria para se safar.

O palco do Eldorado ainda serviu para apresentação de shows de artista famosos de várias épocas e estilos musicais completamente diferentes, tais como: Vicente Celestino, Nelson Gonçalves, Alcides Gerardes, Adilson Ramos, Sivuca, Ludugero, Luiz Gonzaga, Cauby Peixoto, Altemar Dutra, Teixeirinha, Agnaldo Timóteo, Jerry Adriano, Wanderley Cardoso e muitos e muitos outros.

O Eldorado serviu também de palco para o concorrido “Festival da Cidade”, promovido pelo radialista Ramalho Silva e os “Festivais do Fortelância” onde Antônio Emiliano venceu com “Preto Velho José” e Amaury de Carvalho com “Aleluia, Aleluia”. Várias peças de teatro foram também nele apresentadas. Outro grande momento foi a palestra que fez Ariano Suassuna, que tinha sido convidado pelo Padre Vieira.

Para muitos patoenses o Eldorado começou a desaparecer quando o prédio foi vendido a Zé do Ouro, empresário norte-riograndense que, ao assumir o “negócio” mudou logo o nome do cinema para “São Francisco”. Por último no ano de 1985, o espaço que promoveu muito divertimento e cultura fechou suas portas em definitivo para abrigar a “Loja Xepinha”.

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Category: Memórias de Patos

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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