Outra braçada de lenha na fogueira da CPI da pandemia!

By | 23/04/2021 7:04 am

(G1, com comentário nosso)

‘Incompetência’ atrasou aquisição de vacinas contra a Covid, diz a revista ex-secretário do governo

Entrevista com ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten foi publicada nesta quinta-feira no site da revista ‘Veja’. Ele responsabilizou ‘equipe que gerenciava o Ministério da Saúde’.

O ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fabio Wajngarten afirmou em entrevista publicada nesta quinta-feira (22) no site da revista “Veja” que o atraso do governo na aquisição de vacinas foi motivado por “incompetência” e “ineficiência” do Ministério da Saúde.

Wajngarten, que deixou a Secretaria de Comunicação no mês passado, não responsabilizou diretamente o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, mas a “equipe que gerenciava o Ministério da Saúde nesse período”. “Nunca troquei mais do que um boa-tarde com o ministro. Seria leviano da minha parte falar dele”, afirmou.

O ex-secretário se referia na entrevista ao episódio de agosto do ano passado, quando a farmacêutica Pfizer ofereceu ao governo 70 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, com entrega prevista para dezembro. Mas o governo não quis.

“Incompetência e ineficiência. Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando uma negociação que envolve cifras milionárias e do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é isso que acontece”, declarou, segundo a revista.

Wajngarten disse ter tomado conhecimento de que a Pfizer havia enviado ao governo uma carta com a oferta de vacina, mas que o Ministério da Saúde sequer respondeu.

Ele afirmou que, a partir daí, se colocou à disposição para negociar com a farmacêutica e fez reuniões com diretores da empresa em Brasília.

“As negociações avançaram muito. Os diretores da Pfizer foram impecáveis. Se comprometeram a antecipar entregas, aumentar os volumes e toparam até mesmo reduzir o preço da unidade, que ficaria abaixo dos US$ 10. Só para se ter uma ideia, Israel pagou US$ 30 para receber as vacinas primeiro. Nada é mais caro do que uma vida. Infelizmente, as coisas travavam no Ministério da Saúde”, declarou.

Na entrevista, Wajngarten isentou de responsabilidade o presidente Jair Bolsonaro, mal orientado por auxiliares, segundo afirmou.

“O presidente Bolsonaro está totalmente eximido de qualquer responsabilidade nesse sentido. Se as coisas não aconteceram, não foi por culpa do Planalto. Ele era abastecido com informações erradas, não sei se por dolo, incompetência ou as duas coisas. Diziam que a pandemia estava em declínio e que o número de mortes diminuiria muito até o fim do ano”, afirmou.

Bolsonaro costuma atribuir a demora do avanço da vacinação no Brasil à escassez de imunizantes no mercado mundial. Mas, além do episódio da Pfizer, em outubro passado ele chegou a vetar a assinatura de um protocolo de intenções para a compra pelo governo federal da vacina CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan — atualmente, a maior parte dos brasileiros vacinados recebeu a CoronaVac.

Na ocasião, Bolsonaro desautorizou o então ministro Pazuello, que havia anunciado a assinatura do protocolo em uma reunião com governadores. No dia seguinte, em uma transmissão ao vivo ao lado de Bolsonaro, Pazuello afirmou: “É simples assim: um manda e o outro obedece“.

O ex-secretário Fabio Wajngarten disse que, se convocado, falará à CPI da Covid criada pelo Senado para apurar, entre outros pontos, ações e omissões do governo na pandemia e que dará início aos trabalhos na próxima terça-feira (27).

Nossa opinião

  • O ex-secretário de Comunicação do Governo Federal não disse nenhuma novidade. Apesar de tentar “livrar a cara” de Bolsonaro, ele apenas informou que houve incompetência do Governo em não ter adquirido a vacina ainda no ano passado. No mínimo, Bolsonaro pecou por haver escolhido mal os seus auxiliares e não ter cobrado deles o exercício correto de suas funções. De qualquer maneira, Fabio Wajngarten forneceu mais “lenha para a fogueira” da CPI da pandemia. (LGLM)

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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