Leão 13, referência provável do pontífice americano eleito nesta quinta, uniu defesa da justiça social à tradição conservadora
O décimo quarto papa a adotar o nome de Leão está recuperando uma tradição venerável do pontificado, que atravessa a Antiguidade, a Idade Média e o Renascimento, mas andava um tanto esquecida. Basta considerar que o último pontífice com essa designação morreu há mais de 120 anos.
Leão 13 (1810-1903), o italiano Gioacchino Vincenzo Raffaele Luigi Pecci, marcou época
ao iniciar a tradição da moderna doutrina social da Igreja. Num momento de intensa industrialização e urbanização, ele buscou se distanciar do socialismo revolucionário, defendendo a livre iniciativa e a propriedade privada. Mas também se colocou ao lado dos trabalhadores, exigindo que tivessem salários justos, boas condições de trabalho e direito à formação de sindicatos.
Sua visão sobre o tema foi sintetizada na encíclica “Rerum Novarum” (“Das coisas novas”), em 1891. A defesa da justiça social por parte do papado passou a usar a “Rerum novarum” como marco desde então. Considerando a experiência do novo papa com comunidades carentes no Peru, essa parece ser a referência mais clara para a escolha do nome. Leão 13 foi também o primeiro papa da história a ser filmado, em imagens que podem ser encontradas ainda hoje.