Homenagem a uma professora da minha infância

By | 08/03/2023 5:32 pm

(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado)

Neste Dia Internacional da Mulher cada um tem uma homenagem especial a fazer. A uma mãe, a uma tia, a uma esposa, a uma irmã, a uma avó, a uma filha, a uma professora e assim por diante. Eu vou homenagear, Dona Constantina Lima de Morais, minha mãe e minha professora de primeiras letras. Minha mãe foi uma das primeiras professoras da Quixaba. Segundo os mais antigos, a primeira professora, ou a primeira de quem os ainda vivos se lembram foi a mãe de Bastinho do Nacional.

Dona Constantina, minha mãe, sempre foi uma guerreira. Antes de casar foi professora de primeiras letras na Quixaba, onde nascera no sítio Aroeiras, e ensinou ainda algum tempo depois de casar. Como tinha estudado até o quarto livro (naquela época se estudava um livro atrás do outro e não um ano atrás do outro), já tinha condições de ensinar as primeiras letras às crianças da época. Depois meu pai e ela vieram morar me Patos e ela se dedicou ao lar e aos filhos. Em 1952, por volta dos meus sete anos de idade, moramos por algum tempo na Quixaba, onde meu pai foi “tomar conta” de uma bodega de Cícero Sulpino, futuro vereador em Patos. Para reforçar o orçamento, minha mãe voltou a ensinar as primeiras letras. Nunca me esqueci de uma “reguada” que levei, porque não dei a lição. Nesta época fiz muitos amigos na Quixaba, dos quais me lembro de Teleco, Antônio de Manoel Candeia, Adauto Sulpino, Zireton Candeia, Aderson Candeia, todos já falecidos, e Alberto Sulpino, na época ainda guri bem mais novo do que nós. Aliás, Adauto e Alberto depois foram alunos meus no Colégio Estadual de Patos.

Dr. Alcides Candeia, ex-prefeito da Quixaba e grande profissional da Medicina, em conversa comigo uns vinte anos atrás, enquanto caminhávamos na praia em João Pessoa, lembrava que tinha sido aluno de primeiras letras de minha mãe. Fato que minha mãe já me revelara há muito tempo atrás. Há alguns anos, um dos muitos Manués da Quixaba, este já falecido, que morava na parte nova da rua Padre Anchieta, ouvindo meu programa REVISTA DA SEMANA junto com meu amigo, Dr. Ariano de quem era vizinho, fez um comentário interessante: “Este menino é filho de uma ex-professora minha” e diante da estranheza de meu amigo, revelou que minha mãe fora professora dele na Quixaba. Até hoje ele “goza” comigo por ter sido chamado de “esse menino”.

Nesta quarta-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, meu primo Ailton Candeia, visitando amigos e parentes na Quixaba, juntamente com sua irmã Auzenir, encontrou outra ex-aluna de minha mãe. Raimunda Gabriel, a Raimundinha, filha dos saudosos Manoel Gabriel e de Zefa Gabriel, irmã de Agostinho e de Teleco, meu saudoso amigo de infância. Conversando com Raimundinha, hoje com 82 anos, esta lhe revelou que fora aluna de minha mãe, quando era menina.

Numa ligação telefônica, Ailton pôs Raimundinha para falar comigo e ela lembrou do fato, confirmando que fora aluna de minha mãe, numa escola que ela manteve na Gabriela, numa sala vizinha à bodega de Cícero Sulpino, de que meu pai “tomava conta”, bodega de que foi dono por muito anos meu padrinho Pedro Candeia, casado com tia Dizinha, pais de Dr. Ailton Candeia.

Realmente, nós moramos na Quixaba, em 1952, durante sete meses, coincidindo justamente com esta época em que Raimundinha foi aluna de minha mãe. Isto, portanto, setenta anos atrás. Hoje, com 82 anos, ela diz que se lembra, perfeitamente, “deste menino” e de suas duas irmãs, Leda e Fátima. Hoje, viúva do primo Chico de Mosquito (Mosquito era o grande ferreiro da Quixaba), Raimundinha mora com o irmão Agostinho, na Gabriela de minha infância.

Para Raimundinha, grande guerreira, esta homenagem, a ela e a sua velha professora, já falecida há quase cinquenta anos, com apenas 54 anos de idade. Morreu em 30 de março de 1973, depois de muito lutar para fazer dos três filhos “gente”: Uma médica, uma professora e um velho jornalista aposentado, além de advogado inativo.

A homenagem a minha mãe é das mais merecidas, lutou, junto com meu pai, em meio a muitas dificuldades, para nos criar e educar. Assim como bilhões de mulheres de todo o mundo a quem também  homenageia nesta data. (LGLM)


Na foto, da esquerda para a direita, minha prima Auzenir Candeia, Raimundinha, Agostinho e Ailton Candeia

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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