7 de setembro

By | 09/09/2022 6:36 pm

(UMA POR DIA… Misael Nóbrega de Sousa, 07/09/2019)

(Extraído do livro: “A rua Grande de Meus País”)

 

Nem precisava de alvorada… Despertávamos, no dia da Pátria, convocados para honrar às tradições e ajudar a perpetuar os costumes; um quase chamamento à batalha. Inocentes, marchávamos pela avenida-maior de nossas vidas, parecendo um exército de verdade.

Meninos escanelados, pé- após-pé, antevendo… Orgulhosamente, arrumados nas fardas dos seus educandários. Um prazer, mais que um dever, fazer parte daquele momento, ensaiado à exaustão.

Havia ali uma cidade ansiosa pelos filhos da Pátria, que desempenhando o papel para o qual foram alistados, – Adentravam, enfim, o corredor infinito. A “rua Grande” era toda nossa. Seguíamos, enfileirados, como soldados-meninos, obedientes e disciplinados. Familiares e curiosos, punham-se na ponta dos pés para ver a parada…

– A banda-fanfarra ritmava o nosso coração, e com a força da esperança golpeávamos os paralelepípedos, como que intimidando o chão. uma moçoila de maiô brilhante, à frente da banda, era o abre-alas do nosso viver-moleque. Num outro pelotão, o jovem Fidalgo, imponente, em seu cavalo branco – E de espada em punho, imitava os livros de história (…).

Não há símbolo que se sustente por muito tempo sem a ilusão de um povo. E, por isso, imagino que a revolução deveria ser o tema de todos os enredos.

Hoje em dia, sinto e sofro quando vejo carregarem flâmulas de ontem. O passado é contraproducente, pois ele não pertence a mais ninguém. O caminho a marchar deve ser o que elegermos. E, mesmo sabendo que a liberdade de expressão é um ato de cidadania, o Estado somos nós.

Para que essa Independência seja plena temos que nos responsabilizar, a cada dia, pelo lugar onde escolhemos morrer, pois assim tornar-se-à mais fácil afastar o que é real da fantasia. A provocação é o que importa, até que deixemos sucumbir a máscara da ignorância.

Espero que as escolas e outras instituições compreendam o desfile de Sete de Setembro como um berro de independência… – Que passa, necessariamente, pela retirada de seus grilhões interiores.

Não digo que sejam dispensáveis as delongas sobre o patriotismo e seus valores cívicos, mesmo que todos conheçam as sagrações que envolvem a data alusiva.(Nem é essa publicidade alienadora o que me incomoda). Mas, em respeito àqueles meninos que sonhavam com estrelas porquanto dormiam; e nunca contavam estrelas por cupidez…

– Apenas, em respeito a eles, não digo.

 

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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