Marcelo Queiroga tem a hombridade de Mandetta e Teich ou a subserviência de Pazuello?

By | 11/06/2021 10:24 am

O governo opera com gabinetes paralelos, acima dos ministérios e com capacidade de fazer a cabeça de Bolsonaro

Não foi por acaso que o auditor Alexandre Figueiredo Costa e Silva Marques plantou um estudo falso no site do Tribunal de Contas da União (TCU), sorrateiramente, num domingo à noite, e já na segunda-feira de manhã o presidente Jair Bolsonaro fazia uso político, e de certa forma imoral, para alimentar sua militância. Foi uma operação casada, deliberada, com inspiração no Planalto.

É chocante, mas não novidade, já que o presidente é investigado pelo Supremo por ingerência política na Polícia Federal e já foi flagrado manipulando Coaf, Receita, PGR, AGU, Abin, Forças Armadas… E não foi em favor de projetos do governo, mas por interesses dele próprio, dos filhos e de aliados, como Centrão e igrejas evangélicas.

O tal auditor é filho de um coronel da reserva que cursou a Academia Militar com Bolsonaro e é um dos milhares de militares com uma vaga bacana no governo do capitão insubordinado. Ao publicar a fake news no site do TCU, à revelia da direção do órgão, ele exercitou o “é dando que se recebe”.

A presidente e o corregedor do TCU, Ana Arraes e Bruno Dantas, afastaram o servidor e abriram inquérito interno, mas o estrago está feito, o objetivo de Bolsonaro foi atingido: ele não vai parar de repetir que – como alardeava o falso texto – 50% dos óbitos por Covid não foram por Covid. É a nova fake news preventiva dele para sua tropa. Afinal, serão 500 mil mortos já, já.

Epidemiologistas, infectologistas e entidades internacionais acham mais provável que o problema seja o contrário: subnotificação, não supernotificação. Com os números fora da curva de mortes por Síndrome Aguda Respiratória, a dedução é que muitas teriam sido, na verdade, pelo coronavírus. Mas os bolsonaristas não estão nem aí para a realidade, só vale a verdade paralela do “mito”.

Apesar disso, a CPI da Covid avança na direção dos motivos e dos culpados por essas 500 mil mortes, muitas evitáveis pelas medidas mundialmente reconhecidas: isolamento social, máscara e vacina. Vai-se confirmando o quanto Bolsonaro guerreou contra todas as três. Ontem mesmo, anunciou o fim da máscara para vacinados, só faltou decretar: quem não usa é macho, quem não usa é marica. Um escândalo, uma provocação. E o ministro da Saúde, “o tal do Queiroga”, tem a hombridade de Mandetta e Teich, ou a subserviência de Pazuello?

Os brasileiros colhem o que Bolsonaro plantou: a chegada tardia da Pfizer, a demora dos insumos da Coronavac e da Oxford-Astrazeneca, a desvantagem no consórcio Covax Facility. O Brasil, aliás, está fora das 500 milhões de doses de Joe Biden. Que tal? O coronel Élcio Franco alegou que o governo temia um “cemitério de vacinas”. Pois conseguiu um imenso cemitério de gente. Bolsonaro, porém, segue firme com seu “gabinete das trevas”, sem nenhum epidemiologista ou infectologista, que despreza a OMS, a FDA, todas as agências relevantes do mundo e até a nossa Anvisa.

Assim como no caso do TCU, é chocante, mas não novidade. O governo opera com gabinetes paralelos, acima dos ministérios e com capacidade de fazer a cabeça do presidente – e o serviço sujo. Como o “gabinete das trevas” para a pandemia, há o “gabinete do ódio” para disseminar fake news a favor de Bolsonaro e contra os seus adversários ou críticos. E a revelação de disparos do Planalto e da casa do presidente no Rio de Janeiro…

Esse governo paralelo é de quem diz o que Bolsonaro quer ouvir e não dá bola para ciência, medicina, lei, ética. Ele despreza tudo isso e já até tentou dizimar os conselhos de todas as áreas, sem sucesso. E quem esqueceu do veto à pesquisadora Ilona Szabó numa mera suplência de um conselho de segurança pública? Pois é. É como o presidente trata segurança e saúde. Logo, a vida e a morte.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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