TSE já sinaliza que eleição de 2022 não terá voto impresso mesmo se Congresso aprovar a medida

By | 23/05/2021 2:22 pm

Bandeira do bolsonarismo enfrenta resistência e só tem chance de vigorar em sistema de amostragem

Bandeira do presidente Jair Bolsonaro e de grande parte dos seus aliados, a adoção de um sistema que gere a impressão do voto nas próximas eleições enfrenta uma dificílima tramitação no Congresso e, mesmo que esse obstáculo seja superado, o Tribunal Superior Eleitoral sinalizou à Folha não ter condições de implantar a medida para 2022.

Escorados em notícias enganosas sobre uma suposta vulnerabilidade do atual sistema —suspeita jamais comprovada—, bolsonaristas capitaneiam a quarta tentativa de emplacar a comprovação impressa do voto dado nas urnas eletrônicas desde que elas passaram a ser adotadas, em 1996.

Nas três tentativas anteriores, o Congresso aprovou a impressão do voto, mas em uma delas (2002) o próprio Legislativo a revogou. Nas duas seguintes (2009 e 2015), o Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional a medida sob os argumentos, entre outros, de risco de violação do sigilo do voto e de afronta aos princípios de economia e eficiência na gestão dos recursos públicos.

Em nota enviada à Folha, o TSE frisou que cumpre a Constituição e a legislação “tal como interpretadas pelo Supremo Tribunal Federal” e que o sistema de urnas eletrônicas é “confiável e auditável em todos seus passos”.

Além disso, prossegue o TSE, é preciso que haja fornecedores capazes de atender uma demanda de mais de 500 mil urnas em todo o país.

Por fim, há um longo processo de produção e testes, etapas de desenvolvimento do software, processos de armazenamento e custódia, transporte e treinamento. “A implantação do voto impresso envolve um procedimento demorado, embora não seja possível, neste momento, estimar sua duração.”

Apesar das resistências no Judiciário, há uma avaliação entre congressistas de que haveria margem para implantação de um sistema de amostragem, ou seja, a impressão do voto de um pequeno percentual das urnas.

Na visão desse grupo, esse modelo teria chance de ser chancelado pelo Judiciário e serviria para neutralizar o discurso de fraude que Bolsonaro indica que deverá usar em caso de derrota em 2022.

“Acho que até a esquerda está disposta a discutir um mecanismo que não dê ao Bolsonaro uma justificativa para não reconhecer a derrota. Talvez não imprima todos, mas faça um negócio por amostragem. Esse é um negócio que deve caminhar para uma solução mediada, que tire o discurso que tente deslegitimar uma vitória eleitoral”, afirmou o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM).

A atual proposta de criação do voto impresso —não confundir com o voto em cédula de papel— tomou corpo em 2015 após reeleição de Dilma Rousseff (PT), na disputa mais acirrada da história, em que obteve 51,64% dos votos válidos contra 48,36% do tucano Aécio Neves.

O então deputado Jair Bolsonaro conseguiu emplacar a emenda do voto impresso, com o apoio, no Senado, de Aécio. Dilma vetou a medida, mas o Congresso derrubou o veto, o que levou à sanção da lei estabelecendo a impressão do voto em todo o país nas eleições de 2018.

Assim como hoje, o TSE se insurgiu na época contra a decisão de deputados e senadores e, sob o argumento de não ter condições logísticas e orçamentárias, deliberou que iria implantar o sistema de impressão em apenas 5% das urnas eletrônicas. Nem isso foi preciso pois, meses antes da eleição, o STF declarou a medida inconstitucional pela segunda vez na história.

Mesmo tendo sido eleito presidente da República, em 2018, Bolsonaro passou a difundir afirmações jamais comprovadas, e sem nunca apresentar qualquer tipo de indício, de que as eleições foram fraudadas e que ele recebeu muito mais votos do que o registrado.

Em 2019, a aliada Bia Kicis (PSL-DF) apresentou à Câmara uma Proposta de Emenda à Constituição (135) segundo a qual o eleitor, ao votar na urna eletrônica, conseguiria conferir suas escolhas em um comprovante que seria depositado, de forma automática e sem contato manual, em uma caixa acoplada, para fins de auditoria.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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