Por trás dos ataques a Marina

By | 31/05/2025 9:09 am

Ministra questiona a exploração de petróleo no Amazonas, mas Lula e o presidente do Senado desejam apressar a empreitada

 

Uma mulher com cabelo preso e óculos, vestindo uma blusa azul escura e um colar vermelho, está sentada em uma mesa de escritório. Ela parece estar falando ou explicando algo, com a mão levantada. Ao fundo, há uma bandeira do Brasil e algumas imagens na parede.
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, durante entrevista para a Folha – Pedro Ladeira – 28.mai.25/Folhapress

“O governo tem agido, mesmo em meio a contradições [decorrentes] do fato de sermos uma frente ampla, respondendo às necessidades da agenda ambiental. Você acha que a gente teria reduzido o desmatamento no Brasil inteiro se não fosse o esforço do governo, com 19 ministérios trabalhando junto?”, questionou.

É compreensível e louvável que a ministra tenha preferido evitar o vitimismo depois de enfrentar um inglório embate na Comissão de Infraestrutura do Senado na terça-feira (27) —marcado por manifestações grosseiras de senadores, alguns deles da base governista, contra políticas atribuídas a sua pasta. A situação, no entanto, é mais complexa.

Na sessão do colegiado, Marina contou com escasso apoio de aliados ante intimidações como a de Plínio Valério (PSDB-AM), que declarou separar a mulher, merecedora de seu respeito, da ministra, que não faria jus a ele.

Marcos Rogério (PL-RO), que presidia o evento, criticou o comportamento de Marina e disse que ela deveria se colocar em seu lugar. Após três horas e meia, a ministra deixou a audiência antes de seu encerramento.

É de lamentar que seja esse o nível das altercações no Congresso brasileiro —hoje em dia muito ensaiadas para propiciar a divulgação de vídeos e áudios sem contexto nas redes sociais. O pano de fundo, porém, vai além de boçalidades machistas.

Marina é uma voz isolada do governo no questionamento à exploração de petróleo na Foz do Amazonas, um tema complexo que envolve legítimos interesses econômicos e federativos. Tanto Lula quanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), manifestam o desejo de apressar os trâmites técnicos para iniciar a empreitada.

Na semana passada, o Senado aprovou por ampla maioria um projeto de lei destinado a flexibilizar o licenciamento ambiental. O PT até votou contra o texto, mas o governo liberou sua coalizão para votar como quisesse. Além de um sinal da baixa capacidade de articulação do Planalto, foi uma mostra de pouca clareza da política ambiental.

Há argumentos a serem considerados de lado a lado. Fato é que a decisão precisa respeitar critérios técnicos a serem definidos por órgãos de Estado. Mais do que endossar sua ministra, no que tem falhado, é isso que o governo Lula precisa deixar claro.

Category: Blog Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde 09 de março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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