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(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 13/05/2025)
Os bolsonaristas estão manipulando o presidente da Câmara Hugo Motta para usar a Câmara afrontando o Supremo Tribunal Federal. Primeiro tentaram emplacar um projeto que, com a desculpa de anistiar os baderneiros do 8 de janeiro, TERMINARIAM anistiando Bolsonaro e os seus comparsas que o ajudaram na tentativa de dar um golpe de estado e implantar uma ditadura no país.
Como Hugo resistiu em colocar na pauta o projeto descarado de anistia, tentaram num outro projeto beneficiar o deputado Ramagem, também implicado na tentativa de golpe de estado, com uma resolução que já aprovaram, mas que visa, beneficiar não só Ramagem, mas toda a quadrilha de Bolsonaro.
Nesta resolução eles tentam descaradamente suspender o processo contra Ramagem, mas indiretamente beneficiar toda a quadrilha de Bolsonaro. No fim o que visam os bolsonaristas é impedir que Bolsonaro e caterva sejam julgados e condenados pelo pior crime que alguém pode cometer numa democracia, que é atentar contra o estado democrático de direito. Tal crime só resultaria numa ditadura militar.
Como o STF não pode admitir este atentado ao estado democrático de direito, pois isso resultaria na morte da democracia brasileira, a iniciativa da Câmara é uma afronta ao poder judiciário, pois este não pode PERMITIR que a tentativa dos deputados persista pois é declaradamente inconstitucional.
Hugo Motta está servindo de instrumento para este atentado a democracia brasileira, ao colaborar com esta afronta ao poder judiciário. O que possa acontecer de ruim ao país, com estas tentativas dos bolsonaristas em tentar anistiar Bolsonaro e sua quadrilha, terá uma participação importante de Hugo Motta.
Vejamos o que diz sobre o assunto, em editorial no dia de ontem, o Estadão, como é conhecido o centenário jornal O Estado de São Paulo, um dos mais sérios e equilibrados deste país:“A harmonia entre os Poderes, base de funcionamento de uma democracia digna de um Estado de Direito, enfrentará mais um duro teste de estresse no Brasil durante as próximas semanas, quando se conhecerão os desdobramentos de uma escandalosa decisão tomada na quarta-feira pela Câmara dos Deputados. Um total de 315 deputados federais de 15 diferentes partidos, com rito sumário garantido pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu confrontar explicitamente o Supremo Tribunal Federal (STF) e aprovar uma resolução que suspende a ação penal contra o colega Alexandre Ramagem (PL-RJ) por tentativa de golpe de Estado. Menos de 48 horas depois, a Primeira Turma do STF, onde tramita o caso, já havia reagido e formado maioria para derrubar a manobra. Resta ver a contrarreação do Congresso.
Ramagem é o único parlamentar réu na ação da trama golpista de 2022. Mas o deputado bolsonarista foi só o pretexto da iniciativa destinada a favorecê-lo. O que se pretendeu na verdade foi abrir brecha para tentar atingir todo o processo relativo à intentona golpista frustrada e, com isso, beneficiar também o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros réus. A parcela da Câmara que ajudou a aprovar a resolução sabe, no entanto, que ela não se sustenta diante do que diz a Constituição e o STF. Por isso, a única motivação dos parlamentares é provocar os ministros do Supremo e compor o arsenal de vitimização dos liberticidas”!.