ESCOLAS CÍVICO MILITARES: EDUCAÇÃO OU ADESTRAMENTO? (confira comentário nosso)

By | 25/04/2025 4:13 pm

Municípios brasileiros, inclusive Patos, têm aderido cada vez mais ao modelo das chamadas escolas cívico-militares. Um formato de ensino impulsionado durante o governo Bolsonaro, que ainda recebe o apoio de parlamentares conservadores e parte da sociedade, muitas vezes movida mais pelo desejo de “ordem” do que pelo entendimento do que, de fato, é educação.

Mas o que são, afinal, essas escolas cívico-militares?

Na prática, elas impõem uma gestão compartilhada entre civis e militares, com disciplina rigorosa, fardamento padronizado e regras que lembram muito mais um quartel do que um espaço de construção de saber e de cidadania. O discurso é sedutor: melhorar índices de rendimento, combater a indisciplina, resgatar o respeito.

O que não se diz com a mesma contundência é que os recursos que financiam esse modelo poderiam ser aplicados em escolas públicas tradicionais, que padecem com salas superlotadas, estruturas precárias e falta de professores.

Há uma diferença fundamental entre educação e adestramento. Ensinar a decorar hinos, marchar em fila e obedecer ordens não é formar cidadãos conscientes. É, no máximo, tentar fabricar obediência. E quando a liberdade vira um artigo vigiado, o pensamento crítico corre risco de extinção.

Uma educação de verdade precisa dialogar com a realidade do estudante, promover reflexão, incentivar a criatividade, acolher a diferença. E isso exige investimento, valorização dos profissionais da educação e confiança na escola pública como ela é: plural, viva, democrática.

Optar por um modelo militarizado é, muitas vezes, uma tentativa de maquiar os problemas. Autoridade imposta não substitui o respeito conquistado. E se queremos um lugar melhor, com mais igualdade e consciência cidadã, é na liberdade que devemos apostar – não no controle.

Editorial do jornal Notícias da Manhã da rádio Espinharas FM de Patos 97.9 em 25 de abril de 2025.

Comentário nosso – A nosso ver esta instrução militar deveria ficar restrita às escolas militares, mantidas pelas forças armadas e pelas polícias militares. Estas últimas poderiam abrir escolas regionais em cidades polos, para o curso primário e secundário, por exemplo, levando os alunos para as escolas das capitais, na altura do segundo grau. Enquanto os Estados utilizariam os recursos desviados para estas escolas cívico-militares para melhorar o ensino nas escolas de ensino comum. O dinheiro investido nestas escolas cívico-militares certamente vão fazer falta às escolas tradicionais. Esta “invenção” de escolas cívico-militares pode provocar, no futuro, a frustração de quem se empolgou com a vocação militar e não pode ser absorvido pelas escolas militares e pelas corporações militares. (LGLM)

Category: Blog Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde 09 de março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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