Quando começou a violência nas ruas?

By | 11/11/2024 7:00 am

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(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias a Manhã, da Espinharas FM, em 11/11//2024.

Na minha infância já havia rivalidade entre os moradores das diversas ruas da Patos de então. Os meninos da rua dos Dezoito tinha despeito com os moradores do Prado, da rua Espinharas, da Padre Anchieta e da rua do Alto. Isto eu via de perto. Mas tínhamos notícias das rivalidades de outras ruas.

Mas esta rivalidade era desafogada nos jogos de futebol, nas ruas ainda sem pavimentação. No máximo chegávamos a algumas trocas de tapas de pedradas, pelos apelidos que púnhamos uns nos outros.

Com o tempo esta rivalidade foi sendo desafogada de outras formas, até chegarmos às facções de hoje.

Só que as facções de hoje não são  identificadas pelas ruas, elas se formam por bairros ou regiões da cidade. Hoje duas delas são famosas. Al Qaeda e Estados Unidos. Não sei como isto começou. Ouço falar nisso há uns poucos anos, mas no começo eram parecidas com a rivalidade antiga. Até que uns passaram a matar os outros. Aí já se transformou em caso de polícia e de justiça.

Nos últimos tempos são inúmeros os casos de assassinatos. Alguns confundidos como devidos à luta entre traficantes por território para a venda de drogas. A estas alturas não sei se as facções se tornaram linha auxiliar do tráfico ou se devem a outros interesses. E há quem entenda que elas são uma linha auxiliar das facções dos presídios, embora com nomes diferentes.

O certo é que traficantes, facções de ruas e facções dos presídios são responsáveis pelo descalabro que está acontecendo no país com a escalada de violência.

Alguma coisa tem que ser feita, senão ninguém sabe onde vão parar. As facções nacionais já tomaram conta dos presídios, dirigem a violência das ruas e agora estão invadindo a política. Se continuar assim vamos terminar como um país entregue aos bandidos. O combate à violência deve ser feita diretamente pelos Estados, mas a política local já está envolvida pelos bandidos e o combate à violência passa a ser sabotado por eles e pela própria polícia.

Todo mundo sabe que em quase todos os Estados há políticos eleitos pelo tráfico e pela bandidagem de modo geral. Aqui em Patos todo mundo sabe que tem vereador eleito pela tráfico e por facções. E todo mundo sabe que a parte podre das polícias sobrevive dos subornos que recebe dos traficantes. Afinal, por que todo mundo sabe onde tem uma “boca-de-fumo” que continua a funcionar às claras e só a polícia não sabe? Só pode ter alguém dando cobertura aos traficantes. Afinal como se explica tanto policial, sem altos cargos, andando de carro importado? Afinal de onde vêm a maioria dos milicianos? Das polícias que deviam combatê-los.

Uma grande prova de que parte da polícia vive mancomunada com a bandidagem é a reação das polícias estaduais contra a tentativa do Governo Federal de passar a dirigir o combate à violência. Afinal por que a maior reação está vindo dos políticos e das polícias estaduais? Por que eles querem continuar a combater à sua maneira à violência em seus Estados? Por que reagem ao que entendem como interferência do Governo Federal, quando este quer apenas que todos os Estados trabalhem da mesma maneira? Até para evitar que alguns Estados se transformem num paraíso para os bandidos, atraindo-os dos outros Estados, por um combate mais relaxado da violência.

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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