Centrão pediu abandono de discurso golpista para manter aliança com Bolsonaro

Partidos entraram no governo em seu maior momento de fragilidade, com crise institucional e pedidos de impeachment

Marianna Holanda, Julia Chaib e Mateus Vargas, na Folha em

Após contestar as urnas eletrônicas por mais de dois anos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) retirou do seu repertório as ameaças ao sistema eleitoral e passou a dizer que as chances de fraude em 2022 são mínimas.

O posicionamento —repetido aos mesmos apoiadores que, meses atrás, eram estimulados a ocupar as ruas em defesa do voto impresso— é reflexo da costura política com o centrão para salvar o mandato de Bolsonaro.

Dirigentes desses partidos embarcaram no governo e impuseram, como uma das condições para caminharem juntos em 2022, que Bolsonaro cessasse as ameaças de golpe e ao sistema eleitoral.

Ciro Nogueira (PP-PI), um dos caciques do centrão, e Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto – Ueslei Marcelino-13.dez.2021/Reuters

O acordo envolve maior acesso do Congresso às verbas federais, e certa tolerância, por parte de líderes do centrão, com o discurso negacionista de Bolsonaro sobre a Covid-19.

Ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) convidaram para o posto de diretor-geral do órgão nas eleições o general da reserva Fernando Azevedo e Silva, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro. Estará subordinada a ele a área de tecnologia, responsável pelas urnas eletrônicas e softwares utilizados nas eleições.

Ainda que o convite não tenha relação com Bolsonaro —até porque Azevedo e Silva deixou o governo após desentendimentos com o presidente—, seus apoiadores dizem ter sensação de maior segurança com a presença de um membro do Exército.

Nas últimas semanas de 2021, Bolsonaro ensaiou voltar ao tom de meses atrás, mas com ataques direcionados a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), não ao sistema eleitoral.

Criticou a corte e o ministro Alexandre de Moraes e falou palavrões publicamente, o que costuma ser um termômetro de sua irritação. Os arroubos, contudo, foram classificados por auxiliares como “desabafos”, ainda distantes de uma nova escalada golpista.

O ápice dos ataques às instituições promovidos por Bolsonaro ocorreu na semana do feriado de 7 de Setembro, quando ele convocou apoiadores às ruas para demonstração de apoio na queda de braço contra o STF.

Semanas antes das manifestações de raiz golpista nas ruas de São Paulo e Brasília, um desfile de blindados das Forças Armadas passeou pela Esplanada até o Palácio do Planalto, sob o pretexto de levar em mãos um convite a Bolsonaro para participar da Operação Formosa (em Goiás).

Ainda que o evento da Marinha ocorra anualmente, aquela foi a primeira vez em que houve um desfile de blindados até o Planalto para a entrega de convite. O ato ocorreu na manhã do dia em que o Congresso discutiria —e derrubaria – uma proposta de voto impresso, uma das bandeiras de Bolsonaro.

Enquanto a cada decisão do STF e a cada declaração do presidente a crise parecia não dar trégua, a estreita ala de bombeiros palacianos tentava contornar os ânimos dos dois lados.

Os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil) e Flávia Arruda (Secretaria de Governo) passavam tardes inteiras reunidos na sala de Bolsonaro —o que não é habitual para ministros que devem despachar sobre diversos assuntos.

É nas tradicionais lives de quinta-feira que o mandatário conversa com seu eleitorado. E, naquela época, aliados do presidente cercavam-no durante a transmissão para sinalizar sempre que ele estivesse entrando no campo da crise institucional.

Sob a tutela do centrão, que entrou no governo no seu momento de maior fragilidade, com mais de uma centena de pedidos de impeachment, o Planalto de Bolsonaro se profissionalizou e aderiu de vez à dança do toma-lá-dá-cá.

Um dos principais aspectos desse casamento é que os dirigentes de partidos como PP, PL e Republicanos sempre deixaram claro que não embarcam em aventuras golpistas. Questionar o sistema eleitoral do qual precisam para se eleger não faz parte do repertório do centrão. Segundo relatos, foram categóricos ao explicar isso a Bolsonaro.

Tentaram ainda contornar o temperamento do chefe do Executivo com dois argumentos: as ruas cheias de apoiadores já seriam uma “fotografia” da demonstração de apoio que ele tem da população, o que poderia tranquilizá-lo, e sair das “quatro linhas da Constituição” é o que a oposição esperava que ele fizesse.

Em entrevista à Gazeta do Povo em 9 de dezembro, Bolsonaro fez menções aos pedidos de apoiadores nas manifestações de meses antes, com cartazes que diziam: “Eu autorizo”.

“Está autorizado a fazer o quê? Quais as consequências? Ficaria dois, três dias nos braços do povo. E depois? Problemas externos, internos”, disse o presidente.

“Em 1967, quando explodiu a luta armada no Brasil, poderia ser quase nada perto do que poderia acontecer no Brasil [hoje]. Há uma luta de poder enorme no Brasil. A esquerda torcia para que eu saísse das quatro linhas [da Constituição]”, afirmou.

Nas manifestações do 7 de Setembro, acompanhado de ministros, o chefe do Executivo fez discurso com ameaças golpistas ao STF, xingou o ministro Alexandre de Moraes, cobrou o presidente da corte, Luiz Fux, e indicou que poderia não cumprir decisão judicial.

No dia seguinte aos atos, o mundo político e jurídico amanheceu em compasso de espera. Em reunião com seus ministros, o presidente ouviu que deveria aproveitar o capital político para radicalizar, tese defendida por Augusto Heleno (GSI), mas também apelos por moderação, vindos em sua maioria da ala política.

O encontro com o ex-presidente Michel Temer (MDB) nasceu do que Bolsonaro ouviu deste segundo grupo. O próprio presidente ligou para o emedebista e combinou de levá-lo, por avião da FAB (Força Aérea Brasileira), para o Planalto. A aproximação foi intermediada por Bruno Bianco (AGU), com apoio de Flávia Arruda, Ciro Nogueira e do ministro do STF Dias Toffoli.

Bolsonaro foi alertado, sobretudo, para dar um fim urgente à greve dos caminhoneiros, seus apoiadores, que se desenhava. Temer disse ao presidente que aquele seria o seu fim.

Ali também redigiram uma nota, em que o chefe do Executivo adotou um tom desconhecido nesses três anos de governo e disse nunca ter tido intenção de agredir quaisquer dos Poderes, falou em harmonia e fez um gesto ao ministro Alexandre de Moraes.

Relator de inquéritos que miram tanto o presidente quanto seus filhos, Moraes é alvo favorito do bolsonarismo. Na ocasião, Temer intermediou a ligação para baixar a temperatura entre os dois. A conversa foi rápida, segundo relatos.

Dias depois, o ministro do STF esteve reunido por horas com o ministro da Justiça, Anderson Torres. Os detalhes que permeiam os encontros desses dias ainda são nebulosos.

Os avisos de Mourão e Santos Cruz para Bolsonaro

Com pandemia e inflação, ninguém precisa de mais encrencas

(Elio Gaspari, Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles “A Ditadura Encurralada”, na Folha,, em 21.dez.2021)

 

Elio GaspariBolsonaro encrencou com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária porque ela recomendou a vacinação das crianças. A Anvisa é presidida por um almirante-médico que ele indicou.

Ganha um fim de semana num garimpo ilegal da Amazônia quem souber qual é a utilidade pública dessa canelada, seguida por ameaças feitas aos funcionários da agência.

Ganha um lote desmatado quem for capaz de responder a qualquer uma dessas perguntas:

Que interesse tinha a diplomacia brasileira metendo-se na eleição americana e recusando-se a reconhecer a vitória de Joe Biden por 38 dias?

Que interesse essa mesma diplomacia defendia quando Bolsonaro hostilizou o candidato peronista Alberto Fernández? Ele se elegeu.

Por que Bolsonaro garantiu que o governo não compraria a vacina chinesa? Comprou.

Ganha dois lotes quem souber por que Bolsonaro disse em março de 2020 que a Covid seria uma “gripezinha”. Mais um lote para quem souber por que ele disse, em dezembro, que a pandemia estava no “finalzinho”. De lá para cá morreram mais de 400 mil brasileiros

Qual foi o motivo da fritura do general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz? O mesmo brinde vai para o caso da demissão do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo.

Bolsonaro cultiva excentricidades. Sem caneladas, seriam apenas pitorescas. Afinal, do outro lado do balcão há gente que acredita que a imagem de Neil Armstrong andando na Lua em 1969 é uma fraude. Ninguém se mete em discussão por causa disso, do nióbio ou do grafeno. No caso do negacionismo sanitário, contudo, o capitão e suas falanges mostraram-se ameaçadores.

Nos últimos dias, dois generais da reserva publicaram artigos pedindo que se baixe a bola, nada além disso.

O general Santos Cruz escreveu o seguinte no jornal O Globo:

“O fanatismo sempre leva à violência e ao desrespeito. Está deteriorando e infectando relações pessoais, sociais e familiares. Está destruindo amizades por causa de governantes que não têm princípios nem compromisso com ninguém nem com nada. (…) O prejuízo ficará para famílias, instituições, amigos e o povo brasileiro… A vigarice seguirá em frente, na busca incessante da impunidade.”

No dia seguinte, foi a vez do vice-presidente Hamilton Mourão. Ele escreveu em O Estado de S. Paulo:

“A atual polarização do país extrapola a ciência política e atinge nossa rotina social. Por não sabermos lidar com a euforia própria da temática, nossas relações interpessoais acabam sendo afetadas. (…) As conversas temperadas de bom senso e gentileza terminam por ocorrer apenas entre aqueles que têm uma mesma visão do mundo e da política.”

“Todas as esferas da vida só prosperam com diálogo civilizado e construtivo. É preciso superar a agenda do confronto, do ‘eu contra você’ e ‘nós contra eles’. (…) A conversa, sem condenação prévia, sem rótulos, mas com abertura para o crescimento e soluções pacíficas, é fundamental para o avanço do Brasil, fortalecimento da democracia e resgate da paz social.”

Quem avisa inimigo não é.

Câmara aprova Orçamento com R$ 1,7 bi para policiais e R$ 4,9 bi para campanhas

Relator promoveu um corte aproximado de R$ 16 bilhões em Previdência, subsídios e BPC; emendas de relator foram mantidas em R$ 16,5 bilhões

​​A ​Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (21) o projeto de lei do Orçamento com previsão de R$ 1,74 bilhão para aumento a policiais em 2022, ano eleitoral, após o relator-geral, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), recuar de sua decisão de não prever reajustes salariais a servidores.

A medida, que é mais uma derrota de Paulo Guedes, ocorre um dia após o ministro da Economia entrar de férias de 19 dias e já abriu uma crise na elite do funcionalismo —auditores da Receita iniciaram uma debandada dos cargos, em protesto.

O texto prevê ainda R$ 4,9 bilhões para o fundo de financiamento a campanhas eleitorais no ano que vem. Esse valor é menor do que poderia ser estabelecido (R$ 5,7 bilhões), mas é um recorde —é quase R$ 3 bilhões a mais do que tinha sido proposto pelo governo e que representava o valor das últimas eleições gerais (2018), corrigido pela inflação.

Visão geral da Comissão Mista de Orçamento, em Brasília, DF – Antonio Molina – 21.dez.2021/Folhapress

As polêmicas emendas de relator, dinheiro cuja distribuição é usada como moeda de troca política e controlada, na prática, pela cúpula do Congresso, foram mantidas em R$ 16,5 bilhões.

A votação na comissão de Orçamento foi marcada pela pressão de servidores da segurança pública e de saúde para conseguir reajuste salarial. Além disso, congressistas também articularam para minimizar a redução prevista para o fundo de financiamento às campanhas eleitorais.

Na CMO, a votação do parecer estava prevista para esta segunda-feira (20). No entanto, divergências sobre os números apresentados pelo relator-geral provocaram o adiamento da reunião.

A complementação de voto de Hugo Leal apresentada nesta terça-feira prevê R$ 1,736 bilhão para atender a projetos de reestruturação e/ou aumento de remuneração de cargos, funções e carreiras no Executivo —e, segundo parlamentares que participaram da negociação, seria destinada a policiais.

Os policiais são um dos principais pilares da base do presidente Jair Bolsonaro. Representantes da categoria estiveram no plenário durante a sessão da CMO, inclusive integrantes que ainda não tomaram posse.

O reajuste para os policiais foi inserido no Orçamento apesar das críticas de Guedes —devido às férias do ministro, as reuniões dos parlamentares com o Ministério da Economia na reta final das discussões foram realizadas com os secretários da equipe.

O argumento do Ministério da Economia é de que o titular da pasta já cumpriu seu dever ao entregar o Orçamento e que agora as escolhas devem ser feitas pela classe política, inclusive encarando o ônus de serem retirados recursos de determinadas áreas para alocar em outras.

Guedes disse que tentou argumentar no governo contra a ideia do reajuste por receios de pressão de outras categorias, mas acabou cedendo e assinando ofício ao Congresso que pedia a reserva dos recursos em 2022. Mesmo assim, ele disse que uma elevação do salário para parte das categorias é uma desonra com os contemporâneos e que aumentos generalizados seriam uma desonra com as futuras gerações.

O reajuste apenas para policiais deve gerar insatisfação de outras categorias. Fábio Faiad, presidente do Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central), diz que a medida traria uma assimetria injusta porque os salários iniciais de policial federal seriam maiores que os valores de final de carreira dos servidores do BC.

“Isso poderia provocar não só uma animosidade dentro do funcionalismo como também uma saída generalizada de servidores do BC quando da abertura dos concursos para policiais federais”, afirma Faiad.

Mesmo parlamentares bolsonaristas questionaram o reajuste salarial para os policiais.

“Eu não poderia deixar de registrar o meu posicionamento de considerar todas as circunstâncias que estamos vivendo, em especial a questão da pandemia”, afirmou a deputada Caroline de Toni (PSL-SC). “Acredito que não seja o momento agora para fazermos reposição de salário do funcionalismo público porque há várias categorias, inclusive da área de saúde, que buscam essa recompensa e não foram atendidas”

Além dos policiais, agentes de saúde também foram contemplados pelo relator-geral do Orçamento, que destinou R$ 800 milhões para reajustar o piso salarial desses profissionais.

O Congresso promoveu um corte aproximado de R$ 16 bilhões em Previdência, subsídios e BPC (Benefício de Prestação Continuada) para ampliar outros gastos –como as emendas de relator–, de acordo com cálculos preliminares da IFI (Instituição Fiscal Independente, órgão do Senado que monitora as contas públicas).

A IFI ainda se aprofundará nos números, mas já havia realizado projeções que apontavam uma superestimativa de aproximadamente R$ 36 bilhões em um conjunto de gastos como esses. O Congresso, por também ver gordura nas estimativas, realizou o corte.

Felipe Salto, diretor-executivo da IFI, diz que a comparação dos números projetados anteriormente por ele e sua equipe e os dados apresentados pelo relator mostram que ainda pode haver uma gordura mesmo com o corte –o que indica que não haveria risco para os pagamentos dos benefícios e aposentadorias.

EMENDAS DE RELATOR

O primeiro relatório de Leal foi divulgado na madrugada de segunda sem prever reajuste salarial para servidores, com estimativa de R$ 5,1 bilhões para o fundo de financiamento a campanhas eleitorais e com R$ 16,5 bilhões em emendas de relator.

O valor corresponde ao teto máximo estabelecido por um projeto de resolução aprovado pelo Congresso, que limitou o máximo à soma das emendas impositivas individuais.

A maior fatia (de R$ 4,68 bilhões) vai para serviços de atenção primária à saúde, enquanto a segunda maior (R$ 2,6 bilhões) vai para serviços hospitalares e ambulatoriais.

Na sequência, R$ 2,1 bilhões são destinados à política nacional de desenvolvimento urbano voltado à implantação e qualificação viária, R$ 1,86 bilhão para desenvolvimento sustentável e R$ 1,25 bilhão para a estruturação da rede de serviços do Suas (Sistema Único de Assistência Social).

A manutenção das emendas de relator provocou a reação de parlamentares da oposição, que votaram contra parecer favorável do comitê de admissibilidade de emendas.

“Não podemos esquecer de que jeito nasceram essas emendas de relator. Foi um toma lá dá cá para garantir a provação de projetos impopulares”, afirmou o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ).

O relator contemplou em seu relatório previsão de investimentos federais de R$ 44 bilhões para o próximo ano, que é maior que o valor destinado no parecer do senador Márcio Bittar (PSL-AC), relator do projeto de 2021, de R$ 37,65 bilhões (R$ 41,5 bilhões, em valores de hoje).

Na semana passada, o Congresso derrubou veto do presidente Jair Bolsonaro ao fundo eleitoral de até R$ 5,7 bilhões. A articulação pela derrubada contou com apoio da oposição e da base governista, incluindo o PL, novo partido do chefe do Executivo.

Nesta terça, em acordo com parlamentares, Hugo Leal tinha reduzido inicialmente o fundo de financiamento de campanhas eleitorais de R$ 5,1 bilhões previstos no parecer anterior para R$ 4,7 bilhões. No entanto, após pressão do centrão, remanejou R$ 200 milhões em emendas de comissão para o fundão, levando o total a R$ 4,9 bilhões.

As emendas individuais somaram R$ 10,9 bilhões, enquanto as de bancadas ficaram em R$ 5,9 bilhões.

O texto aprovado aumenta levemente a previsão do salário mínimo para 2022, de R$ 1.169 para R$ 1.210. Mesmo assim, esse será o terceiro ano seguido sem reajuste real.

Até 2019, a regra para o salário mínimo previa a correção pela inflação do ano anterior (INPC) mais o aumento real do PIB de dois anos antes (caso este último seja positivo) —o que, na maior parte do período proporcionou reajustes reais aos trabalhadores. A regra foi instituída em 2011, no governo de Dilma Rousseff (PT).

A conta do reajuste para 2022 considerou uma projeção para o salário mínimo feita pelo Ministério da Economia em novembro. No substitutivo, no entanto, Leal estima um INPC de 10,18% em 2021 —o que levaria o mínimo para um valor maior, de R$ 1.211,98.

O texto também mantém a previsão de filas de espera no Auxílio Brasil. A verba prevista é de R$ 89 bilhões para o Auxílio Brasil em 2022 e menciona o atendimento a 17,9 milhões de pessoas. O valor não é suficiente para atender a todos com direito ao programa caso fosse considerada a lei que cria o benefício social, reconhecem integrantes do governo.

O relator sugeriu uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que altera o teto de gastos da União. A ideia é permitir que a regra seja redefinida a cada quatro anos, por meio de lei complementar publicada no primeiro ano do mandato presidencial.

A intenção também é permitir que a margem fiscal relativa aos limites individualizados dos órgãos que estão fora da abrangência do Executivo possa ser utilizada em proveito desse poder.

Além disso, o deputado sugere desvincular a margem fiscal aberta pelas emendas constitucionais que tratam dos precatórios para “atender às necessidades institucionais e da sociedade brasileira”.

A vinculação dos gastos com o programa Auxílio Brasil foi a principal polêmica durante a tramitação da PEC dos Precatórios. Os senadores aprovaram a proposta que abriu um espaço de R$ 106 bilhões no Orçamento, mas incluíram itens que vincularam os gastos, para não dar carta-branca para o governo gastar em ano eleitoral.

Os senadores incluíram itens para vincular os gastos com assistência social e também com despesas previdenciárias.

Ofensiva de Moro para atrair evangélicos inclui ajuda de Deltan e reuniões com líderes

Campanha do ex-juiz calibra discurso para atrair neopentecostais, cujas lideranças midiáticas flertam com bolsonarismo

Igrejas protestantes tradicionais, pentecostais, mórmons, pastores influenciadores e escolas confessionais. A campanha do ex-juiz da Operação Lava Jato Sérgio Moro, presidenciável do Podemos, traçou esses grupos como prioritários na estratégia para tentar o voto conservador evangélico. A ofensiva vai ser lançada a partir da virada do ano. Moro também mira em alguns nichos neopentecostais, hoje aliados do presidente Jair Bolsonaro. Interlocutores do ex-ministro fizeram contato para marcar reuniões com representantes políticos da Igreja Internacional da Graça de Deus, liderada pelo missionário RR Soares, e da Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo.

As principais estratégias foram traçadas pelo advogado da campanha Uziel Santana, convidado por Moro para assumir o núcleo evangélico e conservador da pré-campanha. Ele presidiu até poucos meses atrás a Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure), entidade fundada em 2012. Ligada a organismos internacionais de juristas cristãos, a associação é dirigida por membros das chamadas igrejas protestantes históricas, com destaque para a Presbiteriana, a Batista e a Metodista, entre outras.

A campanha calibrou o discurso para atrair os neopentecostais, cujas lideranças mais midiáticas hoje orbitam o Palácio do Planalto e flertam com o bolsonarismo. Cientes dos compromissos das denominações com Bolsonaro, o comitê de Moro quer mostrá-lo como alternativa ao presidente com bandeiras conservadoras. Dirigentes de distintas alas da maior denominação pentecostal do País, a Assembleia de Deus, manifestam reserva com a aproximação, porque as igrejas têm apoio declarado ao governo Bolsonaro. Um deles disse ao Estadão que o ex-juiz terá “dificuldades”.

Sergio Moro filiação podemos
O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro durante cerimônia de filiação ao Podemos, em Brasília; interlocutores do pré-candidato à Presidência marcam reuniões com representantes políticos da Igreja Internacional da Graça de Deus e da Igreja Universal do Reino de Deus Foto: Dida Sampaio/ Estadão

“O segmento evangélico não pode depender apenas de uma via. Nesse sentido, Moro também é uma possibilidade aos neopentecostais. Ele é um conservador, mas é moderado e não um desequilibrado que quer impor uma sharia (lei islâmica) evangélica à sociedade. Isso ele não vai querer, e nenhum segmento evangélico sério vai querer”, afirma Uziel Santana. “O que não queremos é a volta do PT ao poder.”

Igreja Internacional da Graça tem uma série de pendências junto ao Fisco, enquanto a Universal não conseguiu ver alguns interesses solucionados pelo governo. Entre eles, estão duas iniciativas no campo diplomático: a disputa pelo controle da Universal em Angola, onde os brasileiros ligados à cúpula foram expulsos, e o governo não conseguiu aval para que o bispo Marcelo Crivella, ex-prefeito do Rio, assumisse como embaixador na África do Sul.

Anajure ampliou a influência durante o governo Bolsonaro

Com acesso ao Planalto, Uziel Santana e a Anajure ampliaram a influência durante o governo Bolsonaro. Eles foram ouvidos, por exemplo, na indicação do procurador-geral da República, Augusto Aras, apoiaram a escolha do ministro André Mendonça, o “terrivelmente evangélico”, ao Supremo Tribunal Federal, da advogada Maria Claudia Bucchianeri Pinheiro como juíza-substituta do Tribunal Superior Eleitoral, e do defensor Daniel Pereira como chefe da Defensoria Pública da União.

 

Uziel Santana
O advogado Uziel Santana, ex-Anajure, assume o núcleo evangélico da campanha de Moro; ‘O segmento evangélico não pode depender apenas de uma via’, afirma Foto: Claudio Andrade/Câmara dos Deputados

O afastamento começou com a demissão de Moro, em abril do ano passado, e as denúncias de interferência em órgãos de Estado, principalmente os de controle e investigação. Segundo Santana, as igrejas históricas têm dado grande receptividade a Moro.

“Os neopentecostais são numerosos, mas não representam a totalidade no lugar de teologia dominante. Todo mundo se decepcionou. Bolsonaro não representa os anseios dos evangélicos. Ele mentiu, traiu a pauta anticorrupção, de mudança no sistema político, de acabar com o patrimonialismo e o fisiologismo. Ele se apropriou e se abraçou ao Centrão, isso para igreja evangélica é uma traição”, diz Uziel Santana, que é membro da Igreja Presbiteriana de Aracaju. “Até a forma como Bolsonaro lidou com a pandemia, nenhuma igreja séria concorda com aqueles discursos.”

Campanha de Moro conta com ajuda de Deltan

Moro é católico, mas sempre teve diálogo com lideranças evangélicas e frequentou núcleos jurídicos ligados ao segmento religioso. Um de seus principais aliados, o ex-procurador da República Deltan Dallagnol, potencial candidato pelo Podemos, frequenta a Igreja Batista do Bacacheri, em Curitiba (PR), o que ajudará a expandir a presença do pré-candidato ao Palácio do Planalto.

O entorno de Moro trabalha para atrair o apoio público de pastores influenciadores nas redes sociais. Dois nomes são vistos como simpáticos a Moro. O ex-juiz já conversou em privado, por exemplo, com o reverendo Augustus Nicodemus, um formulador e influente no YouTube, integrante da Primeira Igreja Presbiteriana de Recife e vice-presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil. Outro rosto popular é o pastor batista Carlito Paes, líder da Igreja da Cidade, fundada em São José dos Campos (SP). Ele é simpático à Lava Jato e crítico de Bolsonaro, a quem apoiou nos primeiros meses do governo.

Por duas vezes, Moro se reuniu em Brasília com o ex-deputado Ronaldo Fonseca, ex-deputado e ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência, no governo Michel Temer. Atualmente sem partido, ele preside a Assembleia de Deus de Taguatinga (ADET), no Distrito Federal. Como foi do Podemos, o ex-ministro afirma que a direção da legenda pediu os encontros com Moro.

“Represento um segmento importante dentro dos evangélicos e qualquer decisão de cunho político será uma decisão conjunta. Moro tem um projeto interessante para o Brasil, mas me reservei em ouvi-lo”, disse o ex-ministro e pastor ao Estadão.

Moro já esteve com um comitê de membros da Aliança Evangélica, com pastores batistas, presbiterianos e metodistas, com dirigentes de agências missionárias e vai também organizar encontros com representantes das escolas confessionais.

Mórmons devem organizar encontro com Moro em janeiro

O pré-candidato do Podemos tenta ainda expandir o espectro religioso. A campanha já estabeleceu canais discretos com os mórmons, da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que costuma apresentar “neutralidade política”, segundo um de seus dirigentes que confirmou o contato. Eles devem organizar um encontro institucional com Moro em janeiro.

Também buscam aproximação com a renovação carismática católica (RCC), outro bastião do conservadorismo, e um dos nichos católicos que têm proximidade com o Palácio do Planalto. O elo para este tipo de diálogo costuma ser o deputado Eros Biondini (PROS-MG), parlamentar hoje mais ligado à cúpula da Canção Nova.

Pesquisa Ipec: Lula e Bolsonaro empatam no voto evangélico

Os aliados de Moro entendem que a tarefa de crescer entre os evangélicos não é simples e têm manifestado discordância de pesquisas de intenção de voto que mostram uma predileção ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), semelhante ou até superior à de Bolsonaro (PL).

A mais recente pesquisa do Ipec mostrou Lula com 34% das intenções de voto entre evangélicos, enquanto Bolsonaro tem 33%. Moro aparece com 7%. Na última rodada do Datafolha, 43% dos evangélicos entrevistados apontaram Lula como o melhor presidente da história do Brasil. Essa posição seria de Bolsonaro para 19% deles.

Auditores da Receita Federal ameaçam debandada após corte no Orçamento

Ao menos 200 servidores podem entregar o cargo, segundo o Sindifisco. Orçamento analisado no Congresso prevê verba menor para a pasta

(Tácio Lorran  e Júlia Portela, no Metrópoles,  em  2DIVULGAÇÃO
Auditores da Receita Federal ameaçam uma debandada, nesta terça-feira (21/12), em protesto contra o corte orçamentário para os sistemas do órgão e contra a falta de regulamentação de uma lei vigente desde 2017 que prevê bônus por produtividade para a categoria.

O presidente do Sindifisco, Kleber Cabral, critica o corte na Receita, pois, em contrapartida, o governo federal planeja reajustar o salário de policias, base de apoio político do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Leia a íntegra da nota do Sindifisco:

Esse empenho foi derivado, sobretudo, da expectativa em ver solucionada, finalmente, a regulamentação do bônus de eficiência, fruto de acordo salarial entabulado há 5 anos.

Essa expectativa não nasceu ao acaso. Surgiu da palavra afiançada pelos ministros Ciro Nogueira e Paulo Guedes e principalmente pelo próprio presidente Jair Bolsonaro.

No entanto, agora, na discussão da peça orçamentária de 2022 no Congresso Nacional, o assunto, que estava pacificado no âmbito do Executivo, sofreu inesperado revés, com a resistência do relator Hugo Leal em incluir os recursos necessários à regulamentação do bônus e a omissão do governo em fazer valer os compromissos assumidos com a Receita Federal.

Adicionando insulto à injúria, recursos da própria Receita Federal serão cortados para satisfazer os reajustes acordados com as carreiras policiais, numa demonstração de absoluto desrespeito à administração tributária, que, como nunca, tem se empenhado para prover a sustentação financeira do Estado brasileiro.

Diante desse quadro de rebaixamento e humilhação institucional, o Sindifisco Nacional convoca todos os Auditores-Fiscais a uma dura e contundente resposta, com a paralisação imediata de todos os trabalhos e a entrega maciça das funções e cargos de chefia, movimento que já vem ocorrendo nos últimos dias.

Procurado, o Ministério da Economia informou que não irá comentar.

A Receita Federal também foi demanda, mas não respondeu. O espaço segue aberto.

PSD não vai indicar ninguém, nem Alckmin, para vice de Lula, diz Kassab à Folha

Não saí em foto com Lula porque tenho candidato, diz presidente da sigla, que defende fim da reeleição

(Igor Gielow, na Folha, em 21/12/2021)

Presidente de uma das siglas mais desejadas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para compor sua chapa presidencial no ano que vem, Gilberto Kassab (PSD) é peremptório: nada de acordos de primeiro turno.

Kassab cumprimenta o senador Rodrigo Pacheco durante encontro do PSD em Brasília
Kassab cumprimenta o senador Rodrigo Pacheco durante encontro do PSD em Brasília – Pedro Gontijo – 24.nov.2021/Senado Federal

A especulação cresceu exponencialmente com o avanço do acordo de Geraldo Alckmin (ex-PSDB) para se tornar vice de Lula.

O ex-governador paulista estava quase de malas prontas para o PSD para disputar novamente o Palácio dos Bandeirantes, então o corolário para petistas entusiastas do arranjo era claro: ele poderia filiar-se e unir-se a Lula.

“Eu entendi que poderia passar para a sociedade a percepção de que estava formada uma frente de apoio ao Lula no primeiro turno. Eu não estarei com o Lula no primeiro turno, isso já foi dito a ele”, disse, nesta entrevista na noite de segunda (20).

“Não faremos o vice do Lula. Não é porque é o Geraldo, fulano ou sicrano, é porque teremos candidatura própria”, afirma ele, que considera Alckmin fora dos planos do PSD. O “projeto redondo” em São Paulo, diz, “acabou” e outro nome será procurado.

O dirigente se diz sem mágoas, mas seu tom acerca de Alckmin, de portas abertas sempre, mudou.

Também reserva um lacônico “que seja feliz” ao também negar ressentimentos com João Doria (PSDB), o governador paulista ora presidenciável de quem foi indicado chefe da Casa Civil, cargo que nunca assumiu porque foi alvo de uma operação acerca de um pagamento feito pela JBS que ele diz ter sido regular. Deixou o afastamento neste ano.

Insiste que, se Pacheco desistir de ser candidato, o PSD terá outro nome na urna eletrônica. Na sua lógica, o partido sairá fortalecido do primeiro turno —aí, um acerto com o PT, que já ocorreu no passado, parece líquido, em especial se o seu desafeto Jair Bolsonaro (PL) estiver do outro lado.

Nessa entrevista, ele faz uma defesa inédita: quer trabalhar pelo fim da reeleição e das coligações para disputas majoritárias, uma combinação que revolucionaria o modo com que se faz política no país hoje e, na sua visão, ajudaria a estreitar o quadro partidário. O atual, diz, “é uma excrescência”.

Ao defender o polêmico fundão eleitoral de R$ 5,7 bilhões, diz que o problema é a transparência, não o gasto.

Diz ser independente e ressalta o fato de que o ministro do partido no governo Bolsonaro não representou adesão: Fábio Faria (Comunicações) era uma cota do presidente que até tentava atrair o partido, e está de mudança para o PP.

Projeta sair de 2022 com a terceira maior força congressual, com aumento de bancada na Câmara dos atuais 35 para ao menos 50 deputados e no Senado, de 11 para 15 nomes. Prevê a eleição de mais do que os dois atuais governadores.

A primeira coisa que fiz foi cumprimentar o Lula, desejei feliz Natal e Ano Novo, fui apresentado à noiva dele e, depois, fui a uma mesa ao lado. Jantei e me retirei.

O sr. não quis sair na fotografia do Lula com os outros políticos, certo? Como fui cumprimentar o Lula e fui fotografado, fica claro que eu não tenho problema nenhum em ser fotografado com ele. Mas aquela fotografia geral eu entendi que poderia passar para a sociedade a percepção de que estava formada uma frente de apoio ao Lula no primeiro turno. Eu não estarei com o Lula no primeiro turno, isso já foi dito a ele.

De uma maneira muito respeitosa, eu registrei minha posição, e tenho certeza que foi respeitada. Não teria sentido nenhum impor a um presidente de partido uma situação que possa passar aos seus liderados uma percepção diferente daquela para a qual o partido caminha.

Posso cobrar essa posição em julho de 2022? Pode sim [risos]. Nós vamos ter candidatura própria. Temos lideranças que têm dificuldade para caminhar com um lado ou com o outro, e hoje você tem duas candidaturas com retaguarda política sólida, Bolsonaro e Lula.

Um partido que se apresenta como moderno e de centro não pode neste momento cometer o equívoco de pender para um lado. Somos centro. Essa diretriz é fruto de muita conversa, com uns querendo pender mais para a esquerda, outros mais para a direita.

Nem indicariam um vice? A candidatura será levada até o final no primeiro turno. Isso inviabiliza qualquer outro acerto. Não temos como ter o vice do Lula, qualquer que seja o nome.

Nem Geraldo Alckmin? O PSD o procurou para que ele fosse nosso candidato a governador em São Paulo, mas agora ele mostra que está querendo ser vice [do Lula]. Isso nos leva a procurar uma alternativa. Vamos com muita calma identificar um bom projeto de candidatura própria.

No plano nacional, essa é a razão pela qual nós falamos, de forma muito respeitosa, mas firme, que não faremos o vice do Lula. Não é porque é o Geraldo, fulano ou sicrano, é porque teremos candidatura própria.

O Alckmin atrapalhou seus planos em São Paulo, acabou tirando o Datena da jogadaNão… Não tem nenhuma mágoa. Foi sendo construído um projeto com o Márcio França, o Datena, era um projeto bem redondo. Ele acabou agora com essa preferência que ele dá ao projeto nacional, perdeu sentido.

O sr. concorda com a leitura segundo a qual os grandes favorecidos nessa história de Alckmin como vice foram França e Fernando Haddad, que queriam limpar o terreno em São Paulo? Olha, acho que na verdade as duas explicações são corretas. O Geraldo quis porque quis, e os outros dois trabalharam para isso porque é muito bom para eles que ele não seja candidato em São Paulo. Foi fome e vontade de comer, acho.

Mas a composição do PSD com o PT não soa esotérica, dado que vocês já foram parceiros, não? O fato de que a ponte com Bolsonaro foi queimada, mas com Lula, não, também leva a crer nisso. Vamos voltar no tempo. Fomos de Alckmin no primeiro turno em 2018, depois liberamos apoio. Eleito Bolsonaro, fomos independentes. Tivemos posições favoráveis a muitos projetos que consideramos importante para o Brasil, fomos contrários a outros.

A nova pesquisa do Datafolha estabeleceu um cenário muito favorável à candidatura de Lula. Como o sr. avalia isso? Eleição só se define no dia da eleição. Favoritismo não significa estar eleito. Todos sabem que o partido abraçou a candidatura de Rodrigo Pacheco.

Ele sabe que, se definir ser candidato, terá nosso apoio. Ainda não se definiu, mas mostrou uma predisposição, vai descansar uns dias, tem o mês de janeiro para fazer suas reflexões. Estamos muito esperançosos de que ele aceitará a missão. Mesmo se não aceitar, teremos outro nome, mas minha impressão é de que tudo caminha para ele ser o candidato.

E a questão percebida em Brasília de uma certa inapetência de Pacheco? Eu tenho convicção de que ele é a grande renovação da política brasileira. Ainda jovem, entrou na vida pública e em sete anos teve uma ascensão meteórica. Ele tem conseguido conduzir o Congresso com muita eficiência.

Mas ele teve momentos difíceis, como quando foi acusado pela senadora Simone Tebet (MDB-MS) de rasgar acordo em plena sessão da promulgação da PEC dos Precatórios. São momentos de tensão que o Legislativo às vezes vive, diante da diversidade de opinião. Não houve problemas do Congresso com o Judiciário, com a sociedade, com os meios da comunicação.

Suas ações mesmo vão acontecer depois do Carnaval. No mundo das redes sociais, qualquer projeto ou cidadão pode ser conhecido muito rapidamente, em semanas.

Como o sr. vê a tal da terceira via? Se consolida nos nomes que estão aí, Pacheco, Moro, Ciro, Doria? Eu acho que, daqui para a frente, não haverá jogador novo. Quem está, está, plataforma de embarque fechou. Não acredito que todos irão até o fim, mas não quero ser desrespeitoso. Ao fim, devem sobrar quatro ou cinco.

Há possibilidade de diálogo na terceira via? À medida que Bolsonaro caiu nas pesquisas, e é brutal o que caiu em dois anos, sempre achei que no segundo turno quem estará fora pode ser o presidente.

O sr. sempre se contraria quando dizem que o PSD é do centrão, pois quer governabilidade. Mas não é isso que o centrão faz? Qual a diferença? O centrão tem uma visão, que eu não entro no mérito, um perfil de quem dá governabilidade participando do governo. O PSD dá governabilidade com independência.

Mas vocês já fizeram parte de governo. Lógico, se ganhamos eleição, como no caso da Dilma Rousseff (PT), participamos. E vamos participar se ganharmos de novo.

Se o Lula ganhar, o sr. teria algum óbice em ser ministro? Eu não tenho vontade de participar do Executivo. Nossa disposição é ganhar a eleição, então não posso admitir participar de governo A, B ou C.

E Legislativo? Ou o governo paulista? Não, Eu gosto de eleição, quero disputar de novo na vida, mas não vou disputar agora. Minha tarefa em 2022 é partidária.

Em 2018, a antipolítica, o antipetismo, definiram a eleição. O que o eleitor quer agora? Acho que cada vez mais aumenta o número de eleitores que vê a experiência política e de gestor como algo muito importante. Há cada vez mais exemplos de pessoas inexperientes que se elegeram para cargos importantes e que não foram bem. No sentido contrário, veja o Rodrigo Pacheco, que passou bem por tudo.

Mas ele não ocupou cargo executivo. Sim, mas administra o Congresso, é uma gestão de recursos, relações políticas, é presidente de Poder. Ele está conversando, procurando referências. Veja o [ex-ministro da Agricultura] Roberto Rodrigues. Nem sei se ele votará no Pacheco, mas é a referência de suas ideias para o agronegócio. Na Educação, o [ex-secretário de Educação de PE] Mozart [Neves Ramos].

Na economia, nós estivemos num jantar com o Armínio Fraga, nas próximas semanas eles se encontrarão. Não é que o Armínio irá coordenar, mas as pessoas saberão com quem ele está conversando. Na gestão, gosta de ouvir o [ex-governador capixaba Paulo] Hartung. Ele está sendo inteligente, não está fechando um grupo.

Já no pleito de 2020 houve uma volta de políticos tradicionais. A dita velha política está tendo sua vingança? Não, só acho que o eleitor está amadurecendo. Há renovação com qualidade. Cito no meu partido três nomes que, em 30 anos, poderão ter sido presidentes da República. O Rodrigo Pacheco, o [prefeito carioca] Eduardo Paes, o [governador do Paraná] Ratinho Jr.

Associados a essa demanda por experiência, há os frutos da reforma política de 2017, que felizmente o Congresso não conseguiu mexer, retroagir e fazer valer as coligações proporcionais.

Passaram a federações partidárias, eu sou contra elas. Numa democracia, não há como justificar mais do que sete, oito partidos. Não há legitimidade, qual a proposta ideológica.

Passou a federação, mas a lei felizmente é bastante dura e obriga a repetição da federação em todo o país. Em 2024, serão obrigados a ficar juntos, e assim até 2028, mesmo que a federação nacional seja dissolvida em 2026.

Os partidos grandes vão pensar muito antes de agregar o federado, porque ele o come pela base. O PSD já definiu, não fará. ​

As federações não ajudam a concentrar o quadro partidário, estimular fusões? É um avanço, claro, mas pode ser melhor. É importante para o Brasil a redução de número de partidos. Isso deixa menos portas abertas para a entrada de aventureiros na política.

Temos também que trabalhar pelo fim das reeleições. Não dá mais para conviver com o eleito pensando na reeleição no primeiro dia do governo. São medidas, propostas de aperfeiçoamento, que podem consolidar a reforma política.

Qual seria o modelo ideal sem reeleição? Mandato de quanto tempo? Eu deixaria como está.

E o semipresidencialismo? Isso só dá para discutir depois que houver uma redução no número de partidos.

O fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões não é um absurdo? O financiamento privado não deu certo, virou fonte de corrupção. Acho que o valor gasto nas duas últimas eleições [sob as novas regras limitando o privado] foi insuficiente, temos de enfrentar isso de frente. O mais importante é blindar os recursos. Acho que tem de haver um teto de 50% para quem não tem mandato, para evitar a perpetuação. E acho que não pode haver uso do fundo partidário em campanha.

RAIO-X

Gilberto Kassab, 61

Economista e engenheiro civil, Kassab foi secretário de Planejamento de São Paulo (1997-8, governo Celso Pitta, PPB e PTN), deputado federal (1999-2005), vice-prefeito (2005-6, governo José Serra, PSDB) e prefeito (2006-13) de São Paulo, ministro das Cidades (governo Dilma Rousseff, PT, 2015-16) e da Ciência e Tecnologia (governo Michel Temer, MDB, 2016-18). Foi do PL, PFL, DEM e, em 2011, fundou o PSD, que preside.

Mais uma trapalhada de Bolsonaro para meter a mão no bolso do consumidor

Desrespeito a uma agência de Estado

Governo atropela Aneel e toma para si atribuição de definir cobrança extraordinária nas contas de luz

(Editorial dO Estadão21 de dezembro de 2021)

Apéssima gestão do setor elétrico pelo governo ainda vai transformar a conta de luz em uma modalidade de crédito como o cheque especial. Pela terceira vez desde 2014, o País vai recorrer a um empréstimo bilionário para evitar um aumento nas tarifas. Um novo financiamento será embutido nas faturas e dividido ao longo de meses, uma pedalada nas despesas com a compra de energia cara. Mais do que um socorro às empresas ou um alívio para o bolso do consumidor, a edição de uma nova medida provisória (MP) tem o objetivo de conter danos políticos à tentativa de reeleição de Jair Bolsonaro.

Vale tudo para ajudar o presidente nessa tarefa, inclusive atropelar a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). É o que faz o governo ao aproveitar a MP para retirar uma atribuição do órgão regulador e transferi-la ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). Caberá ao colegiado, presidido pelo Ministério de Minas e Energia (MME), “estabelecer bandeira tarifária extraordinária” para cobrir os custos decorrentes da seca.

A lei que criou a Aneel, em 1996, deixou claras as funções da agência reguladora: “Homologar reajustes e proceder à revisão das tarifas na forma desta lei, das normas pertinentes e do contrato”. O contexto de seu nascimento remete às privatizações de empresas que pertenciam aos governos estaduais. Em troca da renegociação de suas dívidas com a União, os Estados se comprometeram a vender as companhias. Antes, o Tesouro teve que arcar com uma operação de US$ 25 bilhões para saneá-las, depois de anos de tarifas artificialmente controladas. A Aneel surgiu, portanto, para dar segurança jurídica a esse processo, que passa, necessariamente, pelos reajustes anuais.

Em 2015, a agência estabeleceu as bandeiras tarifárias, que nada mais são do que o repasse do custo real de geração de energia. Elas funcionaram de forma adequada até a crise deste ano, quando o preço da eletricidade explodiu em razão das ações do governo para evitar blecautes. Foi quando o Executivo decidiu enviar ao Congresso outra medida provisória, a 1.055, que criou a Câmara de Regras para Gestão Hidroenergética (Creg), também presidida pelo MME.

Coube à Creg gestar a bandeira “escassez hídrica”, uma cobrança de R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos, que vigorará entre setembro e abril. A Aneel, desde o início, calculou que essa taxa deveria ser de até R$ 25 a cada 100 kWh para cobrir todos os gastos com geração de energia. Por razões políticas, o governo, no entanto, optou por um valor menor. O resultado não poderia ser outro: faltou dinheiro, e um novo empréstimo bilionário se tornou a solução para impedir uma crise nos pagamentos de toda a cadeia do setor elétrico.

A MP 1055 perdeu validade em novembro, e já há quem acredite que o destino dessa nova MP também será o arquivo. Disso tem vivido o setor elétrico, ao sabor de propostas que deveriam atender a pressupostos de relevância e urgência, mas que servem apenas para dar verniz de legalidade às improvisadas decisões do governo.

A empresa Rizzo Park se posiciona após medidas de cancelamento de contrato por parte da Prefeitura Municipal de Patos

(ASCOM, com Edição: de Jozivan Antero – Polêmica Patos, em 21/12/2021)

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Patos sendo a capital do interior da Paraíba e que cresce vertiginosamente desencadeou diversos problemas de mobilidade urbana. O excesso de veículos no trânsito da cidade, dificulta o acesso e afeta o comércio local e aumenta a incidência de acidentes de trânsito.

Todos esses problemas exigem dos Municípios medidas, que são impositivos legais para melhoria e ordenamento do trânsito, inclusive no fator segurança, porque os dispositivos conseguem avisar as autoridades quando da leitura das placas de veículos furtados, o que trará mais segurança aos cidadãos.

A empresa Rizzo Park, que atualmente opera cidades de grande importância no Brasil, a exemplo de Patos, Florianópolis, Guarapari, Marília, Pirassununga, Cornélio Procópio, Sapiranga e Patrocínio, e também oferece estudos de mobilidade urbana no qual contemplam o título de melhor empresa de estacionamento rotativo do Brasil, gerando emprego a mais de 500 famílias e atendendo mais de 1,2 milhões de usuários ao mês, já investiu mais de 1 milhão de reais em Patos com qualidade reconhecida e serviço que foi premiado na Capital Federal, oferecendo sistema de monitoramento em câmeras, atendimento remoto via aplicativo, atendimento via parquímetros entre outros.

No entanto, na cidade de Patos vem buscando a plena implementação dos seus serviços, pois foi vencedora da Concorrência, contudo diante da revogação desta contratação, de forma equivocada, conforme restará comprovado na oportunidade de apresentação de sua defesa, que certamente restabelecerá a contratação e os procedimentos anteriores, pois todos de se encontram dentro da legalidade, tendo a certeza que as autoridades certamente chegarão a esta decisão.

A Rizzo Park tem o compromisso assumido com a edilidade e com o povo patoense na plena certeza da eficiência dos seus serviços e em especial ante aos investimentos já realizados, que levarão a cidade a um patamar de excelência no ordenamento do trânsito. E é neste sentido que vem garantir a sua luta pela implementação de mais empregos, atualmente já conta com vinte colaboradores, mais organização do trânsito, que levará eficiência de serviços aos munícipes e na plena satisfação do interesse público, que contará com um serviço seguro e adequado às suas necessidades.

Brisanet comprou a Solnet, mas a TV Sol continuará a existir como fornecedora de conteúdo para a programação da Brisanet

Sol Net deixará de existir, após Brisanet comprar empresa patoense, nesta terça (21)

A SOL Net de Patos passará a ser Brisanet em breve, após um acordo entre as provedoras de internet. O anúncio pegou a todos os funcionários e clientes de surpresa, nesta terça-feira, dia 21, mas, segundo as empresas, a fusão será benéfica para todos.

Um vídeo também foi postado nas redes sociais da Sol Net comunicando a mudança aos clientes. Os funcionários, por sua vez, estão temerosos, tendo em vista a possibilidade de a Brisanet não contratar a todos os que trabalhavam para a Sol Net.

Em contrapartida, a TV Sol, que faz parte do grupo Sol, continua em atividade, mas passará a integrar a grade de programação da Brisanet Nordeste, que tem uma TV por Assinatura, alcançando toda a região com programação patoense.

Segundo a publicação da Sol Net, os clientes não serão prejudicados, pois passarão a receber internet com tecnologia 100% digital, através da Fibra Ótica, assistência técnica 24h, substituição de equipamentos, por aparelhos mais modernos e Wi-fi de alta performance, entre outros pontos ressaltados pela empresa.

As equipes de consultoria da Brisanet Patos deverão visitar todos os clientes da Sol Net para propor a migração de suporte e explicar as principais mudanças com a nova fusão das empresas.

Aos policiais tudo, ao resto do funcionalismo federal, nada!

Parlamentares fazem acordo para dar R$ 1,7 bi no Orçamento de 2022 para reajuste de policiais

Verba destinada às categorias de segurança é quase o total que foi pedido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em nome do presidente Jair Bolsonaro, que ontem ligou para o relator pedindo a inclusão da despesa

Parlamentares fizeram um acordo para direcionar R$ 1,7 bilhão do Orçamento para o reajuste salarial de policiais em 2022, de acordo com fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast. O valor é quase todo o pedido feito pelo ministro da EconomiaPaulo Guedes, em nome do presidente Jair Bolsonaro, para a reestruturação das carreiras  da Polícia Federal (PF), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

De acordo com Guedes, do total de R$ 2,86 bilhões pedidos, R$ 2 bilhões seriam para as carreiras de segurança e o restante para outras duas categorias. Líderes chegaram a falar em dar apenas a metade do valor, R$ 1 bilhão, mas também recuaram e devem indicar quase todo o valor pedido inicialmente. A expectativa é que o Orçamento seja votado ainda nesta terça-feira, 21, na Comissão Mista de Orçamento (CMO) e também no plenário.

Hugo Leal

O deputado federal Hugo Leal, relator-geral do projeto do Orçamento 2022

Na segunda-feira, 20, o relator-geral do Orçamento do ano que vem, deputado Hugo Leal (PSD-RJ)), apresentou seu relatório final, mas alguns pontos geraram divergências entre os parlamentares. Um deles foi a rejeição do pedido do governo para que estivessem previstos na peça orçamentária recursos para o reajuste salarial dos profissionais de segurança. Mais tarde, o próprio Bolsonaro ligou para Leal para pedir a inclusão da despesa.

Na semana passada, o Ministério da Economia cedeu à pressão de Bolsonaro e enviou um ofício ao Congresso pedindo R$ 2,86 bilhões no Orçamento de 2022 para reajustar o salário de policiais federais e outras duas categorias, segundo Guedes. A demanda havia sido feita pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e foi encampada pelo presidente, em aceno a uma categoria estratégica para as eleições de 2022.

Os salários de um delegado de polícia federal e de um perito criminal federal variam de R$ 23.692,74 a R$ 30.936, 91 por mês, de acordo com o Painel Estatístico de Pessoal do governo. Um policial rodoviário federal ganha entre R$ 9.899,88 e R$ 16.552,34. O salário de um agente de execução penal, por sua vez, varia de R$ 5.922,63 a R$ 10.357,30.

Além das carreiras de segurança, Bolsonaro já prometeu reajuste para todos os servidores em 2022, ano em que disputa a reeleição. “Reajuste seria de 3%, 4%, 5%, 2%, que seja de 1%”, disse o presidente, em entrevista à Gazeta do Povo no dia 8 deste ano. “Servidor, em grande parte, merece isso”, completou.

Os últimos reajustes ao funcionalismo foram aprovados pelo Congresso entre 2016 e 2017. As carreiras com menores salários negociaram aumentos por dois anos, sendo que a última parcela entrou em vigor no início de 2017. Já as carreiras de Estado (que não tem correspondência na iniciativa privada, como embaixadores e auditores da Receita) garantiram reajustes por quatro anos, concedidos paulatinamente até 2019.

Segundo o Ministério da Economia, cerca de 1 milhão de servidores ativos, aposentados e pensionistas do Poder Executivo se enquadram na primeira categoria, ou seja, completarão em janeiro cinco anos sem nenhuma reposição salarial. Outras 253 mil pessoas das carreiras de Estado tiveram o último aumento em 1º de janeiro de 2019.